Após três anos consecutivos, La Niña começa a perder força; El Niño deve ser a preocupação no segundo semestre

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Em palestra realizada no estande da AREAC no Show Rural Coopavel 2023, agrometeorologista Reginaldo Ferreira apresentou as perspectivas do clima que devem influenciar a agricultura em 2023

Ele tomou conta das notícias sobre o tempo nos últimos anos. Pela terceira vez na história desde o início dos registros meteorológicos, o fenômeno La Niña durou três verões consecutivos. A anomalia meteorológica se caracteriza pelo resfriamento incomum das águas do Oceano Pacífico, alterando o regime de chuvas e de ventos em grande parte do planeta. O impacto foi significativo no mundo: houve redução da oferta mundial de alimentos e o aumento de preços das commodities. Segundo o agrometeorologista e pós-doutor da Unioeste, Reginaldo Ferreira, enfim, o La Niña começa a se despedir, mas não há motivos para comemorar, já que o seu extremo oposto, o El Niño pode voltar neste ano. 

As informações foram repassadas a engenheiros agrônomos e representantes de entidades profissionais no estande da AREAC (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel) durante esta segunda-feira (06), primeiro dia do Show Rural Coopavel 2023. Reginaldo falou sobre o tema: “Influência Meteorológica na Agricultura – Perspectivas para 2023”. 

Segundo o especialista, normalmente o La Niña começa no mês de agosto e se estende até dezembro. Nos últimos três anos, ele permaneceu atuando sobre o clima sem trégua e houve um acúmulo de problemas gerados por isso, principalmente com secas em longos períodos e chuvas concentradas em um curto espaço de tempo – o que são problemas enormes para a agricultura. “Na média anual de chuvas na região, pode parecer que não sentimos tanto, já que de 1600/1700 milímetros por ano, em 2022, tivemos aproximadamente 1400 milímetros de precipitações. Porém, desse volume, 600 milímetros foram apenas no mês de outubro e tiveram influência no plantio da safra 22/23, já que o excesso de chuvas prejudicou quem já tinha plantado e atrasou quem ainda não tinha começado a plantar”, explica. 

Com a expectativa de saída do La Niña de cena, o outono e parte do inverno devem ser de neutralidade, ou seja, as médias anuais de chuva devem se manter, sem grandes mudanças. Porém, o período de normalidade deve durar pouco, uma vez que as pesquisas meteorológicas já demonstram a possibilidade do fenômeno El Niño ser o protagonista no segundo semestre. “A característica da chegada do El Niño é muita chuva para a região Sul do país, enquanto lá no Nordeste a previsão é de seca. A chuva é algo muito importante para a produção agrícola, mas o fenômeno pode trazer mais água que o necessário e ser prejudicial para algumas culturas”, detalha. 

O panorama é desfavorável, mas, com as previsões no radar, é possível que o produtor se prepare para enfrentar o problema. “Sabendo que será um período mais chuvoso que o normal, será excelente para quem tem pastagens. Para quem vai plantar culturas como trigo e milho, o clima mais úmido também pode acarretar mais doenças. Esse produtor não precisa deixar de plantar o grão, mas pode escolher uma variedade que seja menos suscetível a esses problemas de umidade”, orienta. 

A casa do engenheiro agrônomo no Show Rural

A palestra integra a programação preparada pela AREAC no Show Rural, entidade que chega à sua 25ª participação na feira. A entidade lidera um estande conjunto com o CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), o CREA-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná), a FEAPR (Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná), a Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA) e CredCrea – Cooperativa de Crédito. 

De acordo com o presidente da associação, Fernando Pereira, o estande já se tornou um ponto de encontro da classe durante a feira. “Temos uma projeção de que 3.100 engenheiros agrônomos estejam atuando no Show Rural. O nosso espaço é a casa desses profissionais, um lugar em que eles podem ter contato com as várias entidades que representam a categoria, discutem as questões da Agronomia e buscam a valorização da profissão”, comenta. “Há muitos anos temos feito essa parceria de sucesso entre as entidades. É um estande vivo, de relacionamento, com uma programação que agrega os profissionais” encerra o presidente do CREA-PR, Ricardo Rocha de Oliveira. 

Fernando Rocha Pereira, presidente da Areac e
Reginaldo Ferreira, agrometeorologista